segunda-feira, 12 de julho de 2010

Palavras

Palavras.......
Pr. José Carlos da Silva
Presidente da CBN
                                              
    Palavras são como tesouros... Podem ser ocultas na mente do sábio, que prefere guardá-las a soltá-las ao vento, e serem aprisionadas por ouvidos loucos.
   Palavras são como pérolas...Gestadas no conflito e na dor, revestidas de camadas e mais camadas de ponderações, só podem ser encontradas por aqueles que mergulham nas  profundezas do pensar amigo.
    Palavras são como lixo... Se acumulam nas casas, nas ruas. Se amontoam nas cidades dos muitos fazeres e saberes. Se descartam por desuso ou fastio.
    Palavras são como flechas... Atiradas a esmo, transpassam e ferem, aleijam e até matam sem a necessidade de olhar nos olhos do oponente.
    Palavras são como adagas... Arremetidas traiçoeiramente, penetram o ventre num abraço que rouba a vida.
    Palavras são como bálsamo... Aplicada sobre a ferida, trazem alento, refrigério. Levantam o abatido e fortalecem o cansado.
    Palavras são como rochas... Consolidadas, dão firmeza e suporte às estruturas intelectuais e construções mentais dos sábios.
    Palavras são como areia... Levadas pelo vento, penetram pelas frestas, empoeiram a casa, ferem os olhos, se dispersam sem rumo certo.
    Palavras são como aves... Voam livres, ajuntam-se, espalham-se, fazem festa e algazarra  ou exprimem saudade num canto melodioso e triste.
    Palavras são como peixes... Ocultas nos oceanos das almas serenas ou nos rios da existência sinuosa, vivem no silêncio do pensamento reservado.
    Palavras são como feras... Escolhem a presa, apartam-na do bando, cercam-na e dilaceram-na sem compaixão.
    Palavras são como o fogo... Avançam na força do vento que consome tudo a sua frente. Após sua  fúria deixa apenas cinzas e restolhos. Ou apenas aquece a noite fria do coração solitário.
    Palavras são como água... Escavam na erosão, arrastam na inundação, afogam e subvertem os que se aventuram contra sua fúria. Ou apenas nutrem a vida e trazem o frescor.
     Palavras são como o ar... Etéreas, mas perceptíveis. A tudo envolvem e por tudo se deixam envolver. Enquanto vão, chegam, enquanto saem, penetram.
    Palavras são como luz... Revelam, descortinam, realçam as cores.
    Palavras são como escuridão... Enganam, cegam, fazem tropeçar.
    Palavras são tudo... Comunicam sentimentos, pensamentos, sonhos, realizações. Expressam, demonstram, repartem.
    Palavras são nada... Sons, intentos, desejos, delírios. Omitem, escondem, subtraem.
    Pensei em usá-las. Temi.
    Resolvi guardá-las.
O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que abre muito os seus lábios se destrói.” Pv 13.3

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